Foto: Carta foi entregue ao Presidente do PT, Fernando Mayora
Toda a comunidade sabe que o PT de Caçapava do Sul possui duas alas totalmente diferentes, com pensamentos que discordam da ideologia utilizada por cada uma.
Por um lado o partido do Prefeito Zauri Tiaraju de Castro, com os seus filiados de confiança e cargos em comissão que também rezam a sua cartilha, mas de outro lado está o vereador Toninho do PT, que rompeu com o governo ainda em 2009, acompanhado do ex-vereador Luiz Fernando Torres (Boca), Nilberto Freitas (Lalala) e a ex-secretária de Ação Social, Rosane Monego, além de outros filiados descontentes com a administração municipal e com as atitudes tomadas pelo Prefeito.
Mas essa divergência tomou proporções gigantescas quando alguns CCs da Prefeitura participaram de uma reunião dos descontentes do PT, com isso, o Prefeito ficou sabendo e acabou exonerando todos eles, por participarem do encontro.
Essa atitude do Chefe do executivo acabou acirrando os ânimos, onde os funcionários demitidos acusam a administração de perseguição política.
Este fato ainda vai gerar muitas noticias, mas acompanhe abaixo uma carta ao povo caçapavano, escrita pela ala descontente do PT. A carta foi entregue para o Presidente Municipal do Partido, Fernando Mayora.
Mensagem ao PT e ao Povo Caçapavano
O Partido dos Trabalhadores construiu sua história engajado nos movimentos sociais e populares, construindo uma alternativa às classes menos favorecidas, lutando pela redemocratização do País, com participação decisiva em momentos históricos, como as Diretas Já. Não foi diferente em Caçapava do Sul, quando surgiu no início dos anos 80. A partir dessa década, passou a demarcar na política local suas posições ideológicas e a sua maneira de fazer política, construída através da participação democrática.
Contribuíram para esse processo diversos militantes, que dedicaram parte de suas vidas na construção partidária e de posição política aos sucessivos governos conservadores que se revezaram no poder.
Em 1992 o PT se apresenta como alternativa para o poder legislativo com dois candidatos. Já em 1996, com a decadência do governo Britto, apresenta seis nomes a Câmara Municipal, tendo Toninho do PT como revelação partidária.
O ano de 2000 marca a consolidação do partido no município,tendo Olívio Dutra como governador do Estado. Paulo Vargas disputa a prefeitura e consolida posição de terceira via, resultando na eleição da primeira bancada do PT na Câmara Municipal. Na eleição de 2004 o PT afirma-se como opção política. Constrói a Frente Popular e lança Lalala ao governo municipal, obtendo crescimento político e eleitoral e defendendo as bandeiras do PT e do governo Lula.
2008: o avanço e o retrocesso
O PT abriu as portas a novos filiados que se propuseram a disputar as eleições, levando como bandeira os compromissos do PT. Entre os novos filiados estava Zauri Tiaraju, atual Prefeito. O crescimento conquistado até aqui, o bom desempenho do governo Lula, as perspectivas de mudança e a insatisfação da mesmisse política local, revesando conservadores e ultra-conservadores no Poder, fizeram o partido conquistar a prefeitura municipal.
Marco histórico na política municipal, que desencadeou uma série de esperanças por parte da população e dos militantes históricos que sempre lutaram por uma Caçapava melhor. O partido elege dois vereadores e constrói um governo com lideranças comprometidas com o desenvolvimento municipal.
O secretariado do primeiro ano, com trabalho e dedicação empolga a população, que passa a acreditar e respaldar as ações do executivo municipal. Citamos aqui os companheiros: Breno Walter (Secretário de Município da Administração), Fátima Jovane Reck (Secretária de Município da Educação e Cultura), Giordano Borba (Secretaria de Município de Planejamento); Luis Fernando Torres – Boca (Secretário Geral de Município ) e Rozane Monego (Secretária de Município de Assistência Social).
Todos esses quadros políticos foram importantes na gestão municipal, sendo que alguns deixaram o governo por vontade própria e outros por discordância com a conduta da atual administração que confinou-se dentro do gabinete do Prefeito , anulando o Partido que apenas tornou-se um defensor acrítico das ações do governo.
Além disso, passou a cercar-se de pessoas que historicamente estiveram ligadas a partidos conservadores, inclusive na direção de partidos adversários, bem como afastado das bandeiras históricas do partido como participação democrática, transparência e probidade no trato com a coisa pública, haja vista a CPI instaurada.
Dentro deste quadro, a atual administração iniciou um processo de rompimentos e isolamentos, rompendo dialogo com os partidos aliados, com sua própria bancada, transformando-se em uma gestão conservadora, sectária e autocrática, à revelia da proposta popular e democrática defendida durante a campanha eleitoral.
Esse tipo de conduta levou a comunidade, representada pelo parlamento, a constituir a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), para averiguar supostas irregularidades, cujo relatório foi aprovador por unanimidade, como consequência a constituíção da CPP (Comissão Parlamentar Processante). Esses graves fatos não foram suficientes para reflexão, e nem mudança de conduta do gestor municipal.
Resgatar o PT ideológico. Um compromisso com Caçapava
Desde o PED (Processo de Eleições Diretas) do PT, membros do atual diretório, muitos dos quais que jamais integraram as fileiras do partido e outros cooptados por meio de cargos públicos, tomaram de assalto a direção do Partido, para legitimarem ações contrárias às suas bandeiras históricas.
A contradição do governo atual, em relação ao projeto defendido pelo Partido dos Trabalhadores, fez com que filiados históricos se reunissem para expressar sua contrariedade à maneira como está sendo conduzido o partido e a administração municipal.
A reunião ocorreu no dia 30 de abril, com a presença de mais de sessenta pessoas, filiados, lideranças estaduais e militantes. Todos com um único objetivo: resgatar a democracia interna e a imagem do PT perante a população caçapavana, recuperando os compromissos históricos do partido, de probidade no trato com a coisa pública, transparência e participação democrática e popular.
Durante esse encontro, foram levantadas como propostas à formação de um Coletivo Político que propõe ao Diretório Municipal as seguintes considerações:
- Que o Diretório Municipal faça prestação de contas da atual gestão;
- Que o PT realize plenárias aberta a todos os filiados, conforme prevê o Estatuto;
- Que o PT realize um Seminário Municipal, aberto a toda comunidade, para discutir os rumos da Administração e esclarecimento sobre as acusações que pesam contra a atual administração, apontadas na CPI.
Caçapava e o PT podem perder uma oportunidade única. Pois para Caçapava, considerando que o PT é governo do Estado e Federal, o fato da administração municipal ter a mesma identificação ideológica é muito importante, uma vez que facilita o trânsito e as reivindicações locais perante as outras esferas governamentais.
Para o PT, o exemplo deixado pela atual administração será justificativa de retorno ao poder de governos conservadores e populistas, os quais já se articulam a partir da insatisfação da comunidade, que é notória.
O Coletivo “Resgatar o PT e o Compromisso com Caçapava”, objetiva através dessas ações, um partido democrático e um governo Popular, em consonância com os governos Tarso e Dilma. Que resgate os nossos compromissos históricos, para Caçapava caminhar junto com o Rio Grande do Sul, do Brasil e do Mundo.
Assinam este Manifesto: Toninho do PT, Tibério Bassi de Melo, Giordano Borba Nilberto de Freitas – Lalala, Lucas Machado, Luis Fernando Torres – Boca, Rozane Mônego.
OBS: O coletivo deixa de publicar a lista completa de presença, como era intenção, a fim de preservar companheiros, uma vez que o Prefeito e o Diretório, exoneraram três companheiros que estavam presentes à reunião, ainda que filiados ao próprio partido governante.
