Após a sindicância da Corregedoria da Brigada Militar ter descartado crime de racismo na abordagem de policiais no bairro Rio Branco, em ocorrência envolvendo um motoboy negro e um idoso branco, o tema levantou polêmica e debates no âmbito da Assembleia Legislativa. O deputado estadual Marcus Vinícius redigiu uma moção de desagravo, solidarizando-se com a instituição policial.
“A BM de imediato abriu um processo de sindicância e, mesmo
assim, aqui neste parlamento, membros da BM e da instituição por completo foram
ofendidos e atacados na sua honra e no seu papel institucional”, afirmou ao
usar a tribuna nesta terça-feira. Segundo ele, houve uma corrida pela “pole
position” para “lacrar”, sem aguardar o devido processo interno.
Ele convidou os deputados de todas as bancadas a assinarem o
documento, a ser encaminhado ao governador Eduardo Leite (PSDB) e ao
comandante-geral da BM, Coronel Cláudio Feoli. “O que venho propor aos colegas
deputados é nada mais, nada menos, do que a necessidade deste parlamento de agir
com discernimento, equilíbrio e respeito necessário à BM”, disse, defendendo a
solidariedade institucional.
No documento, o parlamentar lista dez pontos, entre eles a
legitimidade das abordagens e compromisso com o Estado de Direito; a rigorosa
sindicância interna e a ausência de conduta racial; o reconhecimento e
enaltecimento das atividades da BM, o repúdio à antecipação de juízo; e a
valorização dos profissionais de segurança, com repúdio à estigmatização.
A proposta gerou reações. Deputada estadual e presidente da
Comissão de Direitos Humanos, Laura Sito (PT) voltou a defender a necessidade
de letramento racial nas forças de segurança e afirmou que a cena do motoboy
sendo contido, enquanto o outro envolvido conversava com policiais, demonstra o
racismo estrutural.
“O que não vamos admitir nessa discussão é um proselitismo
que invisibiliza um problema real que temos”, afirmou a deputada, frisando não
contestar a importância das forças de segurança.
Luciana Genro (PSol) disse que a instituição, internamente,
não respeita os direitos humanos, havendo opressão e discriminação,
especialmente nos escalões mais baixos, com uma lógica disseminada de cima para
baixo e sendo reproduzida nas abordagens.
“É preciso que a BM compreenda que quando denunciamos um
caso de racismo não estamos atacando a instituição. Estamos tentando mostrar
que para essa instituição ser respeitada por toda a população ela precisa se
transformar”, disse.
O deputado Capitão Martim (Republicanos) rebateu as
declarações de Luciana, afirmando “conduta exemplar da BM, sem nenhum traço de
racismo”. “É um total desconhecimento com essa instituição centenária. Os
policiais, realmente, carregam uma carga pesada de trabalho, muitas vezes com
condições insalubres de trabalho, mas com o objetivo nobre de proteger o
cidadão”. O parlamentar entende que a situação se deu pelo motoboy não ter sido
cooperativo, enquanto o idoso envolvido teria sido.
Já haviam assinado digitalmente a moção os deputados
Guilherme Pasin (PP), Carlos Búrigo (MDB), Delegada Nadine (PSDB), Airton Lima
(Podemos) e Kaká D’Ávila (PSDB), com outros 12 parlamentares assinando
presencialmente ao longo da sessão.
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