Segundo o site GauchaZH, a
chegada de Messi
a Paris tem mais do que o efeito técnico. Ao
contatar o astro argentino, e melhor jogador deste começo de século, o
PSG faz
um movimento de mercado que salva a Ligue 1 de um cenário que se apresentava
sombrio, nestes dias de pandemia e queda de receitas na indústria do
futebol.
É como se o futebol francês estivesse
lomba abaixo e, em um movimento, mudasse de direção e acelerasse rumo ao
primeiro escalão do futebol europeu. Formado em gestão esportiva na
Universidade de Limoges, um curso conceituado e disputado na França, que forma
18 alunos a cada dois anos, o ex-zagueiro e Caçapavano, Matheus Vivian aposta numa guinada no futebol
local.
Ele próprio foi impactado diretamente pela
chegada de Messi. A startup gaúcha da qual é sócio, a Hermit Crab Game Studio,
criou o jogo para celulares oficial do PSG. Desde domingo (8), a equipe corre
contra o tempo, aqui em Porto Alegre, para inserir o argentino no game. De
Belfort, no leste francês, próximo das fronteiras com a Suíça e a Alemanha,
Matheus conversou com a coluna.
Qual o impacto de
Messi no futebol francês?
Tem
um impacto gigantesco. Para você ter uma ideia, desde que se começou a falar da
vinda de Messi para o PSG, quando se noticiou o impedimento de ele seguir no
Barça, a conta do clube francês no Instagram ganhou mais de 200 mil seguidores
por dia.
O que Messi
repercutirá na Ligue 1?
A
Liga sofreu um trauma muito grande com o rompimento do contrato de TV pela
Mediapro (N.R. em agosto de 2020, a empresa espanhola suspendeu os pagamentos
pelos direitos de TV, alegando problemas financeiros decorrentes da pandemia, e
em dezembro, o contrato de 800 milhões de euros anuais, que iria até 2023, foi
rompido). O modelo econômico da Liga, baseado nos direitos de TV, vinha em
crescimento. Quando vieram Neymar e M'Bappé, os direitos de TV do Francês foram
vendidos por valor maior do que o do Italiano, também comprado pela Mediapro.
Quem adquiriu os
direitos comprou um bilhete premiado, não?
Sim.
Como os clubes se viram numa situação complicada, a Amazon comprou os direitos
por quase a metade do preço que seria pago pela Mediapro. Isso teve impacto
econômico muito grande nos clubes, que haviam contratado e feito contratos com
jogadores prevendo o dinheiro elevado da Mediapro. A chegada do Messi recolocará
o Francês, com esse prestígio no mercado e possibilidade de retomada econômica.
Os direitos de TV no Exterior serão vendidos em padrões muito maiores.
Além dos direitos
de TV para o Exterior, que outros ganhos você projeta?
O
público nos estádios, quando for retomado na totalidade, crescerá muito. Sempre
é alto quando o PSG joga, mas agora terá nova demanda. É todo um ecossistema
que ganhará muito com o Messi aqui. Tem alguns atores que tiraram na Loto com
essa contratação do Messi: a Amazon, que comprou os direitos de TV, a Nike, que
renovou o contrato com o PSG há pouco tempo, e todas as empresas que apostaram
no Campeonato Francês nesta temporada. Ganharam de presente o Messi, o melhor
do mundo e, com o CR7, a melhor imagem de atleta de futebol dos nossos tempos.
A Ligue 1, como é
chamado o Francês, é das Top 5 ligas europeias. É possível que ela ganhe
algumas casas nesse grupo?
A
expectativa é de que se coloque no nível do Italiano, que tem o CR7 e o sucesso
da seleção na Euro, do Espanhol, vistas todas as dificuldades que os clubes da
La Liga passam, e da Bundesliga. O PSG está conseguindo aproximar bastante a
Ligue 1 dessas outras competições.
O PSG está pronto
para buscar a Liga dos Campeões, a ambição dos seus donos?
O
PSG contratou o Hakimi por 60 milhões de euros, o lateral mais caro do mundo.
Trouxeram ainda o capitão da seleção holandesa, Wyjnaldum, o Sérgio Ramos
e o melhor jogador da Euro, o Donnaruma. Eles se juntarão a Neymar, Mbappé, Di
María, Verrati, Paredes, Marquinhos. Eles fizeram o necessário para evitar que
se repita a temporada passada, quando precisaram usar time descaracterizado no
Francês e acabaram perdendo jogos fáceis em casa. O que abriu brecha para o
título do Lille. Agora, tem um grupo para disputar todas as competições até o
final.
No caso da sua
empresa, que faz o jogo do PSG, o que representa contar com Messi?
Desde
domingo, estamos trabalhando nisso. Podemos dizer que também ganhamos na Loto.
Duas vezes. Quando fechamos o contrato de licenciamento com o PSG, logo em
seguida, desembarcou o Neymar. Tempos depois, o responsável pelos
licenciamentos nos disse que os valores, depois de Neymar, talvez fossem
proibitivos para nós. Agora, renovamos faz pouco tempo, por dois anos. E
desembarcou o Messi.
O PSG muda de
patamar e está pronto para virar um clube mundial, como Real e United?
O
Real Madrid está num patamar superior. Mas o PSG é o clube que teve o maior
crescimento nos últimos anos. O Real pegou esse lugar de maior marca de futebol
do mundo, mas hoje vive certa crise interna e oferece oportunidade para que
outros clubes também se aproximem. Foi o que aconteceu com o Manchester United,
que era o número 1 e perdeu esse posto. Pelo que leio e as tendências que
observo, vejo que o PSG chegou ao nível do City e está acima do Chelsea. Diria
que, abaixo do Real e também do United, que é marca mundial, há um segundo
pelotão, com Citym, Juventus, Arsenal, Bayern, Barcelona. O PSG entrou nele.
Fonte: GauchaZH - Leonardo Oliveira