segunda-feira, 3 de junho de 2024

Deputado Marcus Vinícius denuncia ao TCU irregularidades na compra bilionária de arroz importado pela Conab

 


O deputado estadual do Rio Grande do Sul Marcus Vinícius de Almeida (Progressistas) ingressou com representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) denunciando irregularidades no processo de compra de até 1 milhão de toneladas de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), custando quase R$ 7 bilhões. Em sua denúncia, o parlamentar enfatiza que o leilão marcado para o dia 06 de junho não possui embasamento técnico que comprove a necessidade de importação e justifique a interferência no mercado. Além disso, segundo Marcus Vinícius, a medida revela abuso de poder político, tendo em vista a distribuição do cereal pelo país em pacotes personalizados com as cores, logomarca e slogan do governo federal às vésperas das eleições municipais.


Outro aspecto destacado na petição é a ausência de cuidados fitossanitários que, de acordo com o deputado, colocam em risco os alimentos que chegarão à mesa dos brasileiros. "Podem ter sido produzidos com fertilizantes químicos e defensivos agrícolas (agrotóxicos) que não são autorizados pela Anvisa nas lavouras e mercados brasileiros, expondo a saúde da população a potencial contaminação. Essa medida é infundada e não possui alicerce técnico para justificar uma movimentação bilionária de recursos públicos na compra de produto de procedência duvidosa", afirmou.


O parlamentar argumenta que a safra de arroz de 2024 no Rio Grande do Sul já foi colhida e não há chance de desabastecimento ou aumento abusivo de preços. Dados do Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA) e da própria Conab indicam que 84% das lavouras já haviam sido colhidas antes da catástrofe climática. Além disso, a área plantada nesta safra era 7% superior à anterior. A produção estimada para 2024 segue em 7,2 milhões de toneladas, superando a colheita de 2023. "A safra de arroz está colhida e segura em quantidade e qualidade superiores ao ano anterior. Estamos diante de um claro caso de aproveitamento político da tragédia para realização de proselitismo, às custas do dinheiro público", criticou.


Além disso, o deputado alerta para o impacto negativo na cadeia produtiva local e nas receitas do estado. Ele defende que medidas como a redução de tributos e incentivos fiscais, ou a aquisição do próprio arroz gaúcho, seriam mais benéficas para o consumidor sem prejudicar a produção nacional. "Medidas como a redução da carga fiscal ou a formação de estoques públicos com produto brasileiro seriam muito mais eficazes e menos danosas ao setor produtivo", argumentou.


Na representação ao TCU, o deputado solicita que, em caráter de urgência, seja sustada a autorização da compra de arroz estrangeiro e que a Conab apresente estudos técnicos que comprovem a necessidade da aquisição. No mérito, pede que o ato seja definitivamente suspenso, evitando o que considera um gasto público sem fundamento e uma ameaça à rizicultura e saúde da população. "Requeremos que o TCU atue para impedir este gasto desnecessário e prejudicial à economia do país. O setor produtivo do arroz brasileiro merece respeito", concluiu o parlamentar.

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