No dia 4 de novembro, celebramos o Dia da Favela, uma data que nos convida a refletir sobre a importância histórica e social das comunidades que, embora frequentemente marginalizadas, têm um papel fundamental na formação do tecido urbano brasileiro. O termo "favela" remonta à Guerra de Canudos, onde veteranos buscaram construir lares no Morro da Providência, marcando o início de uma história de resistência e luta pela dignidade e direitos. Desde então, as favelas tornaram-se símbolos de superação e criatividade, abrigando milhões de pessoas que, apesar das adversidades, continuam a lutar por reconhecimento e igualdade.
As favelas são frequentemente vistas apenas por sua precariedade, mas essa visão ignora o potencial imenso que essas comunidades possuem. No Brasil, há mais de 13.500 favelas que abrigam aproximadamente 17,9 milhões de habitantes, o que equivale a 5,8 milhões de famílias. Juntas, elas geram uma impressionante movimentação de cerca de R$ 202 bilhões anualmente. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existem mais de 1.600 favelas, com cerca de 600 mil pessoas vivendo nesses territórios. Se essas comunidades formassem uma cidade, seriam a segunda maior do estado. Apesar de 33,5% dos moradores possuírem CNPJ e 1 em cada 3 se enxergarem como empreendedores, muitos ainda enfrentam desafios significativos, como a falta de espaço para suas atividades e a necessidade de mais recursos e formação em empreendedorismo.
Neste Dia da Favela, é essencial que celebremos não apenas a luta histórica de seus moradores, mas também a riqueza cultural e as contribuições que essas comunidades oferecem à sociedade. Iniciativas como as ações da CUFA (Central Única das Favelas), com eventos como as Conferências e a Expo Favelas, além da Taça Favelas e diversos movimentos de solidariedade, têm destacado a força e o talento dos moradores. Durante a recente catástrofe climática no Rio Grande do Sul, vimos um exemplo poderoso dessa solidariedade, onde a mobilização comunitária foi essencial para auxiliar aqueles mais afetados, reafirmando a importância da união e do apoio mútuo nas favelas. A inclusão e o reconhecimento das favelas nas políticas públicas e na narrativa nacional são fundamentais para garantir direitos e oportunidades para milhões de brasileiros. Ao valorizarmos suas vozes e histórias, contribuímos para a construção de um futuro mais justo e igualitário, onde todos possam prosperar, independentemente de sua origem ou localização. As favelas, com sua força e resiliência, são um testemunho do que pode ser alcançado quando as comunidades se unirem em prol de um objetivo.
Cleni Oliveira
Gestora Pública
CUFA Guaíba RS.
Novembro/2024.
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