Na
noite desta segunda-feira, dia 28, a Câmara de Vereadores de Caçapava do Sul
realizou uma das audiências públicas mais longas da instituição, onde o debate
sobre a saúde de Caçapava do Sul durou mais de cinco horas.
Audiência
foi mediada pelo Presidente do Legislativo, Ricardo Rosso e pela Comissão de
Saúde da Câmara, composta pelos vereadores Marquinho Vivian, Silvio Tondo,
Márcia Gervásio e com o auxílio do vereador Luis Fernando Torres.
Participaram
da audiência pública o Prefeito Giovani Amestoy, o Secretário de Saúde, Juarez
Teixeira, o Coordenador da 8º CRS, Sergio Hernandez e sua equipe técnica, o
Promotor de Justiça, Diogo Taborda, o Presidente do Conselho Municipal de
Saúde, Adail Camilo, a Administradora do Hospital de Caridade, Maria Helena Amado,
o Presidente da Associação Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, Edu Lobato, o
Diretor Clínico do Hospital, o Médico Adalgiso Malaguez e os vereadores Mariano
Teixeira, Jussarete Vargas, Paulo Pereira, Alex Vargas e Zilmar Araújo (Mano).
O
objetivo da audiência foi abordar e debater as responsabilidades dentro do SUS
do Município, do Estado, da União e dos prestadores de serviço do SUS,
principalmente o Hospital de Caridade. O debate da reunião foi sobre as
responsabilidades, que é a principal demanda da comunidade.
Cada
instituição teve 15 minutos para uma breve apresentação e explicar a sua função
dentro do SUS e as suas responsabilidades. Na sequencia, a Comissão de Saúde
realizou 19 questionamentos para a mesa principal, sempre obedecendo ao
objetivo da audiência.
Questionamentos da Comissão de
Saúde
A
primeira pergunta foi sobre quem é o gestor do SUS em Caçapava do Sul, no qual
foi respondido que é a Secretaria de Saúde, sendo o município o responsável
pelos atendimentos do SUS em Caçapava, com as devidas obrigações do Estado, da
União e do Hospital.
Sobre
o Pronto Atendimento, o município paga por mês R$ 280 mil ao Hospital pelo
serviço e o Estado paga para a instituição cerca de R$ 46 mil por mês pela
produtividade do PA. O município terceiriza o serviço, onde sendo o Ministério
Público a Prefeitura deve ter um fiscal de contrato para acompanhar a execução
do serviço. Ainda sobre o Pronto Atendimento, um dos questionamentos é o
aumento no número de atendimentos por dia, que passa de uma média de 113 pacientes. Sobre este fato, a coordenadoria de saúde
entende que o número alto de atendimentos por dia no PA é que as unidades não
deve estar funcionando como devem, para manter o vinculo do paciente e não
permitir que o paciente procure o Pronto Socorro para uma consulta.
Já
o MP entende que vivemos em uma sociedade assistencialista, por isso, que é
mais fácil ir no PA na mesma hora para uma consulta simples, do que procurar a
unidade. O Pronto Socorro atendeu neste semestre, mais de 12 mil pessoas com
fichas azul e verde, ou seja, para consultas, que deveriam segundo a
Coordenadoria serem atendidas nas unidades. A comissão de saúde no seu relatório
para uma sugestão para melhorar este quesito.
Um
debate na audiência foi também sobre os exames, principalmente quando o
paciente está internado. Alguns exames não estão no contrato do Hospital com o
SUS, com isso, segundo o MP o responsável sempre será o Poder Público que é o
Gestor do SUS.
Sobre
os repasses da União e do Estado, a Prefeitura disse que o Estado atualmente
deve ao município mais de R$ 400 mil, de atraso nos repasses. Já a União se
mantém em dia, mas os repasses são fixos e variáveis, dependendo dos
atendimentos nas unidades (ESFs).
A
Comissão questionou também sobre a produtividade da Secretaria de Saúde, ou
seja, o que o Estado paga de volta à Prefeitura pelos atendimentos de média
complexidade. Segundo a Secretaria de Saúde, este valor está entorno de R$ 70
mil mensais.
Outro
fato da reunião foram os problemas dos exames de Ultrasson, onde a Prefeitura
informou que este fato deve melhorar com a inauguração do Centro Materno
Infantil, para atendimento de um pediatra e de um médico obstetra. Sobre isso,
a Coordenadoria de Saúde disse que não concorda com o Centro Materno Infantil,
na visão dos técnicos os profissionais devem ser contratados, mas para atender
nos ESFs, sem tirar a mãe e a criança da sua comunidade de referencia, que tem
também atendimento clínico, das agentes de saúde e outros profissionais. “Nós
defendemos a contratação de profissionais para esta área, mas para atender nos
ESFs, não centralizar em um local só, essa é a nossa visão, onde alguns
municípios que criaram o Centro estão voltando atrás”, disse a técnica da 8º
CRS, Juliana Sartori.
O
Município defendeu a criação do Centro Materno Infantil para melhorar o
atendimento as gestantes e crianças, melhorando estes índices.
Outro
impasse da audiência, foi o atendimento do sobre aviso médico do Hospital, onde
município não paga mais por entender que é duplicidade de pagamento, devido ao
contrato entre Estado e Hospital e a entidade entende que este item não é
contemplado no contrato. O pensamento do Hospital é o mesmo dos médicos, no
qual foi defendido pelo Dr. Adalgiso Malaguez, que disse durante a audiência
que se o município não voltar a pagar este valor ele poderá ir embora de
Caçapava.
Sobre
este fato o MP fará novas reuniões junto com a Prefeitura e Câmara, para tentar
encontrar uma solução. A Prefeitura entende pagamento duplo após uma
manifestação do Tribunal de Contas sobre este item, mas a função do médico
sobre aviso que está causando divergência neste caso.
O
Hospital mostrou durante a audiência os números da instituição, como os
atendimentos e o déficit financeiro anual que a entidade possui, no qual a
Câmara informou que será parceira para ajudar a instituição e a Comissão
trabalhará no seu relatório para sugerir melhorias nos atendimentos e irá
colaborar para encontrar uma solução para o sobre aviso.
Um
dos temas foi o Centro Oftalmológico, onde são atendidos 50% dos pacientes de
Caçapava, 30% de Encruzilhada do Sul e 20% de Santana da Boa Vista, onde os
atendimentos em um dia pode chegar a 45 pessoas. O Estado paga cerca de R$ 23
mil mensais pelo serviço e o município complementa com mais R$ 20 mil, incluindo
as cirurgias de catarata.
Já
o Centro de Traumatologia, que está montado e atendendo particular e convênios,
existe um processo para o credenciamento junto ao SUS para os pacientes de
Caçapava, no qual segundo a Coordenadoria no momento o Estado não está
credenciando novos serviços pelo decreto de contenção de despesas do Governo. O
Processo aguarda liberação do Estado, mas o Hospital manifestou o desejo de ter
o Centro de Traumatologia pelo SUS, mas isso é uma deliberação do Estado,
porque é o próprio Estado quem paga pelo serviço que é de média complexidade.
Uma
das notícias boas da audiência, é que o Estado lançou um programa para
regionalizar os partos, incluindo outros municípios para serem atendidos em
Caçapava. Este programa libera mais recursos do Estado para os Hospitais
credenciados, com isso, o Hospital também manifestou desejo que ingressar neste
programa, tendo que atender algumas exigências da Coordenadoria.
Sobre
as cirurgias eletivas, o Estado paga 24 cirurgias ao Hospital, no qual são
supridas a maioria com os partos e emergência. Desta forma, foi levantado na
audiência do próprio município comprar mais cirurgias, através de um acordo com
a entidade e os médicos, como foi feito no passado. Essa possibilidade foi descartada
pela Prefeitura por entender que as eletivas são de responsabilidade do Estado.
No
final, a Comissão de Saúde da Câmara informou que fará um relatório sobre a
audiência, relatando todos os pontos abordados na reunião e baseado nas
informações recebidas pelos órgãos de saúde e o Ministério Público fará
sugestões para melhorar vários pontos na saúde, principalmente no Pronto
Atendimento e nas unidades básicas de saúde, bem como colaborar na gerência dos
recursos vinculados para os atendimentos.
A
audiência foi aberta também para o questionamento dos vereadores é do público.
O
Promotor de Justiça no final parabenizou a Câmara pelo encontro e disse que
esse debate não termina aqui, ou seja, convocou os vereadores e a Prefeitura
para novas reuniões, principalmente para tentar resolver alguns impasses
envolvendo Hospital e Município.
O
Presidente da Câmara, Ricardo Rosso, agradeceu no final todas as instituições
que participaram da reunião e o público, onde 132 pessoas estiveram presentes
na audiência conforme lista de presença.
Já o Prefeito em sua manifestação informou que a obrigação constitucional de investimento em saúde é de 15%, mas a Prefeitura investe atualmente 23% do seu orçamento. Em 2016 o investimento foi de mais de 22% e agora chega a 23%.
Já o Prefeito em sua manifestação informou que a obrigação constitucional de investimento em saúde é de 15%, mas a Prefeitura investe atualmente 23% do seu orçamento. Em 2016 o investimento foi de mais de 22% e agora chega a 23%.
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