Fonte: Correio do Povo
A Abertura Oficial da Colheita da Oliva, ocorrida nesta
quinta-feira (9) em Encruzilhada do Sul, celebrou o desenvolvimento da produção
de azeite gaúcho. A olivicultura empresarial no Estado, responsável por 80%
da produção brasileira, surgiu no início dos anos 2000 e hoje conta com 6,3 mil
hectares plantados, expectativa de colheita recorde, de 500 toneladas, e mais
de 130 premiações ao redor do mundo, apenas em 2022. Além disso, o Estado conta
com 18 lagares (lugares onde se produz azeite) estabelecidos e seis em
construção. "Estamos celebrando a produção e sobretudo o empreendedorismo
dos produtores gaúchos", disse o governador Eduardo Leite, na
ocasião.
Em sua primeira vez visitando o Brasil, o italiano Marco
Oreggia, especialista em azeite de oliva, esteve presente no evento. Ele é
editor do maior guia para o produto no mundo, o Flos Olei,
e elogiou o trabalho dos produtores gaúchos. “Eu gosto muito do Rio Grande do
Sul, tem muitas empresas com potencial para exportação do melhor azeite do
mundo. Aqui tem muita qualidade empresarial, investimento e vontade de
comercializar um azeite extra virgem de verdade", comentou. Entre os
azeites listados como os 500 melhores do mundo no Flos Olei, quatro são
gaúchos: o Prosperato, o Capela de Santana, o Lagar H e o Sabiá.
A colheita no Estado deve continuar até o dia 10 de maio e
tem potencial para superar as expectativas oficiais, chegando até 550
toneladas, de acordo com o coordenador do programa Pró-Oliva da Secretaria da
Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi),
Paulo Lipp. O presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva),
Renato Fernandes, afirma que as oliveiras quase não sofreram com a seca.
"A nossa cultura é resistente à estiagem, a oliveira é oriunda do
deserto”, explica.
O setor vem trabalhando em reforço de análises sensoriais
para o azeite importado, feitas, hoje, por um laboratório no Rio Grande do
Sul com apoio de laboratórios de Santiago, no Chile e de
Montevidéu, no Uruguai. As análises são importantes para identificar azeites
vendidos em território nacional como extravirgens que na verdade são virgens,
segundo Fernandes. “Mas o mais importante é que o consumidor entenda isso e saiba
diferenciar o azeite de qualidade”, afirma. “O problema todo é encontrarmos
mais mercado para essa qualidade do azeite, as pessoas se apropriarem mais em
relação à qualidade do azeite que é produzido aqui. Claro, ele pode ter um
custo de produção mais alto, mas se você experimentar, a diferença é gigante”,
reforça o secretário da Agricultura, Giovani Feltes
A Azeite Bem-Te-Vi, com 19 hectares de pomar, teve sua
primeira colheita comercial em 2022, de 45 toneladas, com produção de
aproximadamente 4,5 mil litros de azeite. A previsão de colheita em 2023 é de
60 toneladas. "Nossas árvores ainda estão numa rampa de desenvolvimento,
por isso este ano vamos colher mais que no ano passado", explica a
proprietária Michelle Sapiras. "Nós sofremos um pouco com a seca, chegamos
a ter que irrigar as árvores, mas a chuva acabou vindo, o que evitou o
prejuízo", acrescenta. A Bem- Te-Vi não tem lagar próprio e extrai seu
azeite nas instalações do Azeite Sabiá. Em seu primeiro ano de produção, a
marca já ganhou premiação no Terraolivo, de Israel, um dos concursos mais
importantes do mundo.
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