sábado, 6 de junho de 2020

Opinião: Caçapava do Sul, Garrincha, toque de recolher e acordo com o vírus

Artigo de Opinião

Dentre os incontáveis decretos e as medidas e barreiras sanitárias adotadas nas esferas federal, estaduais e municipais, surgem medidas sanitárias por vezes contraditórias em sua essência e cuja eficiência e eficácia, são no mínimo questionáveis. Mas, como a decisão é uma prerrogativa do chefe, nós enquanto súditos, só nos cabe cumprir a lei.
Existe uma história, quase sexagenária, que já foi usada para ilustrar diversos textos, a qual conta que na Copa de 1958 o então técnico da seleção brasileira Vicente Feola, chamou todos os atletas do time, para montar a estratégia para a partida contra a União Soviética. E em uma das jogadas, Zito e Didi trocariam passes no meio do campo. Vavá atrairia a marcação da defesa russa indo para o lado esquerdo do campo. Em seguida Nílton Santos lançaria para direita, na direção de Garrincha, para que Mané, no seu melhor estilo, driblasse o zagueiro e entregasse a bola para Mazzola, que faria o gol.
Ao final, Garrincha, muito atento, balbuciou a cabeça e perguntou:
TÁ LEGAL, SEU FEOLA... MAS O SENHOR JÁ COMBINOU TUDO ISTO COM OS RUSSOS?
O plano era infalível. Só esqueceram de combinar com os adversários. Mas os russos sem saberem do acordo de vestiário, roubaram a bola antes dela chegar ao ataque e fizeram dois gols. E, os amigos devem estar se perguntando, mas o que tem a ver esta história com a mais recente medida sanitária para tentar conter a propagação do novo Coronavírus em Caçapava do Sul. Na qual, se estabeleceu por via de decreto municipal um TOQUE DE RECOLHER, das 22:00 às 06:00hs.
Acontece que, dentre as possíveis causas do aparecimento deste nefasto vírus, uma das muitas teorias é que tenha sido originado de morcegos e através de uma mutação genética, tenha sido transmitida para os seres humanos, a partir de um mercado de animais vivos de Wuhan, na China. Talvez com base nesta teoria, a intelectualidade sanitária caçapavana conseguiu definir que, no nosso caso em particular, o vírus causador da Covid-19, ainda conserva a “essência ancestral” e como o morcego é um animal de vida noturna, o vírus em Caçapava do Sul, só ataca de noite.
Então, a “Gothan City” dos pampas, resolveu adotar medidas “noturnas”. Exatamente na entrada do inverno em que, pelo frio de Caçapava do Sul, fora os sem-teto, cachorros e gatos vadios, além de alguns escassos transeuntes e algum lobisomem, todos estão em casa e em frente das suas lareiras e dos seus fogões à lenha.
Enquanto isto, as aglomerações diárias, continuam a todo vapor, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Basta olharmos as ruas, praças e os demais logradouros públicos. Principalmente agora, quando as pessoas não poderão recorrer aos Shopping Centeres 24 horas espalhados pela cidade, não poderão pagar suas contas nas lotéricas 24 horas e nem recorrer ao comercio local noturno, por medo de serem atacadas pela COVID-19 que, em nossa cidade, foi rebatizada de BATMAN-19.
Entendo e é perfeitamente compreensível que medidas profiláticas e saneadoras sejam adotadas, mas o que me preocupa é o resultado e a eficácia de certas medidas. Pois, pelo que me consta, este vírus não usa relógio, não reconhece dia ou noite e, é doido por uma junção de pessoas, onde ele desfila com desenvoltura e se apossa de seus incautos pacientes.
E, para finalizar, acho que a medida é relevante e até pode ter efeitos práticos. Apenas acho que faltou um pequeno detalhe. Só faltou combinarem com o Coronavírus.
Por José Deni Rodrigues Silveira – (Derli)

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