Fonte: Correio do Povo
Foto: Cotrijal
Sol intenso e expectativa. Assim se pode definir o clima defronte ao Auditório Central da 23ª Expodireto Cotrijal, que tem sua abertura na manhã desta segunda-feira, em Não-me-Toque, na região noroeste do Rio Grande do Sul. A maior parte das autoridades ligadas ao agronegócio gaúcho têm expectativa de concretização de negociações que vêm sendo feitas desde novembro do ano passado para minimizar os efeitos da estiagem na safra de grãos do Rio Grande do Sul.
De imediato, a espera é pelo
parcelamento das dívidas dos produtores atingidos pelos prejuízos e ampliação
dos descontos de débitos já financiadas. Há também expectativa pelo andamento
efetivo de medidas estruturantes, como as da reservarão de água por meio da
construção de açudes, cisternas e construção de poços.
O senador Luís Carlos Heinze, que
na sexta-feira,dia 10 , faz sua tradicional audiência pública, lembra que nos
últimos três anos o RS amargou mais de R$ 100 bilhões em prejuízos causados
pela seca e que preciso adotar o que se tem de alternativas para reservar água.
Outra
situação diz respeito à expectativa de que o chefe do Ministério da Agricultura
e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, seja atualizado sobre a situação da produção
agrícola gaúcha e receba demandas de agricultores.
Um dos documentos a ser entregue
é o último levantamento da Rede Técnica Cooperativa (RTC/CCGL), que consolidou,
até 15 de fevereiro, perdas de 43% na safra de soja e de 56% na de milho no
ciclo 2022/2023, o terceiro realizado sob estiagem no Estado. Com o resultado,
apurado em 21 cooperativas do Rio Grande do Sul, a estimativa é que R$ 28,38
bilhões deixem de circular na economia gaúcha este ano, somente em razão do
prejuízo com a oleaginosa.
O setor produtivo aproveitará o
encontro para tratar de temas preparatórios à safra de inverno. Um deles é a
escassez de recursos para financiamento oficial às lavouras, cujo plantio se
inicia entre maio e junho. “Tivemos anúncios tímidos em Bagé (em 23 de
fevereiro, quando a comitiva interministerial oficializou ajuda financeira ao
setor). Precisamos olhar para a questão do crédito, do custo do dinheiro”,
argumenta o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do
Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs/Seescop), Darci Hartmann. A pauta será
ampliada para o aumento do valor das subvenções pagas às seguradoras, já que,
segundo Hartmann, “muitas estão saindo do ramo após os últimos anos de seca no
Estado”.
A questão do custeio também será prioridade da Federação das
Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro). De acordo com o
presidente da entidade, Paulo Pires, a preocupação concentra-se no necessário
incremento de verba federal para a implantação das novas lavouras. “Precisamos
disso para que consigamos buscar uma certa normalidade, que não vemos há duas
safras de verão”, pontua. Na carona, está o pedido para renegociação das
parcelas do crédito tomado via Plano Safra, cujas parcelas vencem este ano.
Como também presidente da Cooperativa Tritícola Regional São-Luizense
(Coopatrigo), Pires levará à reunião a temática da irrigação, essencial para
regiões como a das Missões, a mais afetada pela escassez hídrica no RS. “Não
temos mais como produzir sem irrigação. Somente com a soja, a RTC aponta perdas
de quase R$ 30 bilhões”, ressalta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário