As crianças estão em todos os lugares, menos na escola, afirmam educadoras infantis

 

Nesta semana um movimento ganhou força nas redes sociais e chamou a atenção da comunidade de Caçapava do Sul.  O movimento “Educação Infantil é essencial - Pelo direito de escolha”, é o pedido para a retomada das atividades nas Escolas de Educação Infantil particulares da cidade.

O Movimento é liderado pela direção das três escolas particulares, professores e um grupo grande de pais que estão a favor da retomada das atividades escolares. Logo após a liberação por parte do Estado para o retorno da educação infantil, as escolas apresentaram um plano de retomada, obedecendo todos os protocolos de segurança exigidos. Este documento foi aprovado pelo Comitê Municipal de Combate ao Coronavírus, mas até hoje o decreto municipal liberando a retomada das aulas não foi emitido pela Prefeitura. Neste meio tempo a Prefeitura suspendeu a retomada presencial das aulas e esta espera se torna cada dia mais angustiante para educadores, pais e crianças.

“Nós queremos que os pais tenham o direito a escolha, porque as crianças estão em todos os lugares menos na escola. Nós temos corridas liberadas, rodeios sendo realizados a todo o momento em Caçapava, casamentos, igrejas abertas, festas de crianças todos os finais de semana, quadras de futebol liberadas, pracinhas lotadas, bares abertos, entidades funcionando e as escolas de educação infantil fechadas. Não somos contra a liberação dessas atividades, mas queremos igualdade, sem hipocrisia, o que é para um tem que ser para todos”, comentou uma das diretoras da escola de educação infantil.

Outro ponto abordado pelas educadoras é a falta de planejamento do município para essa retomada, já que o plano de ação e os protocolos foram apresentados e aprovados pelo Comitê, mas depois disso nada evoluiu. “Existem pais que não querem levar os seus filhos para a escola e nós respeitamos essa decisão, mas existem outros que aprovaram os protocolos e precisam levar. Queremos o direito de escolha. Recebemos relatos diários de crianças já enfrentando problemas. O fator psicológico das crianças e a violência doméstica também é uma questão de saúde.” alertou uma das professoras.

“Muitas crianças estão enfrentando problemas pela falta de convívio, ansiedade, dispersão, medo, além da dificuldade de absorção do conteúdo porque o ensino remoto nessa faixa etária é muito complicado”, comentou um dos pais.

As diretoras também informaram a reportagem, que as escolas investiram muito para se adaptarem a nova realidade, adquirindo materiais de higienização, equipamentos de proteção e até mesmo um aplicativo para controle de entrada e saída das crianças.

O plano de retomada ainda prevê ações de controle como adequação com apenas quatro alunos por sala de aula, troca da roupa para uso na escola, verificação regular da temperatura, separação física no momento da recreação e refeições, além de alternância dos turnos de cada professora.

“Várias cidades do Estado já retomaram as atividades da educação infantil e na sua maioria não existiram casos de Covid-19. Em Caçapava as escolas estão fechadas desde março e os casos só aumentam, então o problema não são as escolas e sim a falta de planejamento do Poder Público e a falta de União entre o Governo Federal, Estadual e Municipal”, concluiu uma proprietária de escola.

As educadoras argumentam que aceitam as condições do município desde que exista um planejamento para a retomada, porque até o momento existe um plano aprovado mas não há liberação.

A questão econômica também é uma preocupação do Movimento já que a previsão é que no mês de dezembro termine o auxílio liberado pelo Governo para o pagamento dos funcionários. Diante desta realidade, a partir do mês de janeiro a situação das escolas privadas de educação de Caçapava ficará muito difícil caso as aulas não sejam retomadas.

Professores e pais criaram grupos para engajar a comunidade no Movimento. Eles alegam que é um problema de todos. “Temos um problema não só educacional, mas social, financeiro e político. O Estado já liberou porque sabe dos problemas enfrentados, portanto o município deve o mais rápido possível rever a decisão e planejar esta retomada”, disse uma das diretoras.

 “Em janeiro vamos ter as provas do concurso público em Caçapava que irá reunir mais de quatro mil pessoas dentro das escolas e ainda assim as escolas não podem abrir mesmo seguindo todos os protocolos exigidos. Está na hora de darmos um basta nesta hipocrisia política e o Poder Público ser imparcial”, desabafou uma das mães que participou da reunião.

Carros estão sendo adesivados e haverão lives e vídeos nas redes sociais para debater o assunto.

 

*Participaram da reunião as diretoras das escolas de educação infantil, além de pais de alunos.