Hoje, dia 27 de janeiro de 2014, rememoramos um ano do acontecimento que marca nossas vidas e que marcará a vida de nossa cidade por toda a eternidade.
Artigo Professor Jorge Luiz da Cunha
Diário de Santa Maria
A tragédia, por muitos justamente chamada de massacre, que vitimou com a morte 242 jovens e afeta ainda mais de 600 sobreviventes, além de milhares de familiares, não pode e não deve ser esquecida por nenhum de nós, os afetados diretamente por viver aqui, e por todos aqueles que deste acontecimento tomaram conhecimento.
Devemos lembrar sempre, por meio das ações dos movimentos organizados em torno do 27 de janeiro de 2013, por meio das manifestações nas redes sociais, mas também por meio de marcos materiais, como monumentos, memoriais, museus e publicações. Não porque queremos ficar presos ao passado, escravos de uma memória traumática e mal resolvida; mas, porque lembrar nos leva a pensar, a discutir, a opinar e a dialogar. E, somente quando lembramos e conversamos, somos capazes de ressignificar os acontecimentos passados e dar novos sentidos ao presente.
José Murilo de Carvalho, historiador e escritor membro da Academia Brasileira de Letras, afirmou em uma entrevista recentemente publicada, que “um povo desmemoriado é um amontoado de gente, um rebanho”. Penso que a frase é muito apropriada para refletir sobre a necessidade de lembrar sempre do que ocorreu naquele domingo de janeiro de 2013. A memória, que precisa de estímulos para ser acionada, nos leva ao diálogo – uma viagem em que cada um de nós sai de si mesmo, alcança o outro em sua diferença, reconhece o valor dessa diferença, conversa com ela e, quando volta a si, já não é o mesmo.
É por isso que acredito que a lembrança, permanentemente renovada, do acontecido, é saudável, ainda que dolorida, porque nos ajuda a ser mais solidários, mais justos e até nos torna capazes de perdoar, inclusive a nós mesmos. Um ato de coragem individual e coletivo necessário, que pode nos tornar melhores uns com os outros.
Não esquecer também significa agir com autodeterminação, e somente isso caracteriza a liberdade humana e nos identifica como um povo que sabe prantear seus mortos, que busca corrigir seus erros e assim torna-se capaz de viver o presente, recobrando a fé no futuro e a alegria de existir na e pela memória dos que se foram.
Não podemos esquecer, não devemos esquecer!
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