segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Veja um guia de como checar se uma notícia é falsa

A disseminação de notícias falsas preocupa, ainda mais com a proximidade das eleições. Uma das características principais do conteúdo falso é o apelo à emoção imediata. A conclusão é de especialistas em relação às notícias encaminhadas por amigos ou parentes nos grupos de conversa. 

Para evitar cair nas chamadas “fake news” é preciso checar a veracidade do conteúdo da notícia. Para que a checagem não se torne difícil, veja algumas dicas sugeridas pela BBC Brasil: 

Recebeu uma notícia? Tome algumas precauções:
- Não acredite na notícia ou compartilhe o texto de imediato.
- Ela lhe causou uma reação emocional muito grande? Desconfie. Notícias inventadas são feitas para causar, em alguns casos, grande surpresa ou repulsa.
- A notícia simplesmente confirma alguma convicção sua? Também é uma técnica da notícia inventada. Não quer dizer que seja verdadeira. Desenvolva o hábito de desconfiar e pesquisar.
- Quando a notícia é verdadeira, é mais provável que ela cite fontes ou dê links ou cite documentos oficiais e seja transparente quanto a seu processo de apuração.
- Produzir uma reportagem assim que eventos acontecem toma tempo e exige profissionais qualificados. Desconfie de notícias bombásticas no calor do momento.

O que fazer na prática:
- Leia a notícia inteira, não apenas o título.

Fontes: 
- É uma corrente de WhatsApp ou de outra rede sem autoria alguma ou link para um site? Desconfie e, de preferência, não compartilhe;
- Tem autoria? É uma fonte legítima, na qual você já confiou no passado? Se não, talvez seja melhor não confiar. Pesquise o nome do veículo, autor ou da autora no Google e veja o que mais essa pessoa está produzindo e para qual veículo de imprensa. Além disso, preste atenção para averiguar se o site que reproduz a notícia está publicando só notícias de um lado político, por exemplo, mostrando que talvez haja algum viés ideológico;
- Há no texto referência a um veículo de imprensa, como se fosse o autor da notícia? Entre no site original do veículo de imprensa para verificar se a notícia está lá de fato;
- Digite o título da notícia recebida no Google. Se for verdadeira, é provável que outros veículos de imprensa confiáveis estejam reproduzindo a mesma notícia; se for falsa, pode ser que veículos de checagem já tenham averiguado o boato. Pesquise nos resultados da busca;
- Pesquise, também, os fatos citados dentro da notícia. Ela se apoia em acontecimentos verificáveis? Por exemplo, se ela afirma que alguma autoridade disse algo, há outros veículos de imprensa reproduzindo o que essa autoridade falou? Tente procurar isso na internet;
- Verifique o contexto, como a data de publicação. Tirar a notícia verdadeira de contexto, divulgando-a em uma data diferente, por exemplo, é um tipo de desinformação;
- Pergunte para a pessoa que encaminhou a notícia para você de quem ela recebeu, se confia na pessoa e se conseguiu checar alguma informação;
- Recebeu uma imagem que conta uma história? É possível fazer uma busca "reversa", por meio da imagem, e não por texto, e verificar em que outros sites ela foi reproduzida, o que pode dar pistas de sua veracidade. Salve a foto no seu computador e suba ela no seu mecanismo de busca ou cole o url dela nesse navegador: https://images.google.com/. Se estiver no celular, tente neste site independente do Google: https://reverse.photos/
- Recebeu um áudio ou um vídeo com informações? Tente resumir essas informações e procurá-las no Google. Exemplo: você recebe um áudio dizendo que no dia seguinte haverá greve de ônibus. Procure no Google: "greve de ônibus" junto com a data. Outra opção é buscar no Google: "áudio greve de ônibus WhatsApp", por exemplo. Essa busca pode resultar em um desmentido de uma agência de checagens de notícia, se ela não for verdadeira, ou em uma notícia real de algum órgão de imprensa, se for verdadeira;
- Números: a notícia cita números de pesquisas ou de outros dados? Tente procurá-los isoladamente para checar se fazem sentido;

O que são 'fake news' ou notícias falsas e por que isso deve te interessar?
Notícias falsas são um termo para designar notícias fabricadas, comprovadamente falsas - normalmente feitas para prejudicar outras pessoas e muitas vezes com objetivos políticos ou que procurem o lucro.
E elas sempre existiram, diz Sam Wineburg, professor de História da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, mas, "no passado, dependiam de jornais ou papéis que circulavam de mão em mão".
O que mudou? "Hoje, uma notícia falsa pode viralizar em um instante - as redes sociais permitem um alcance enorme. Além disso, hoje, há mais produtores de informação", afirma ele.
Ou seja, o alcance e a difusão de notícias falsas aumentaram.
O fenômeno começou a ser observado mais de perto - estudado por pesquisadores e reportado pela mídia - com a profusão de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições americanas em 2016, quando Donald Trump foi eleito para a presidência do país. Também foi quando o termo "fake news", cuja tradução por aqui é "notícias falsas", começou a ser usado.
Há pesquisas que apontam que as notícias falsas que circularam nas redes sociais durante o pleito americano podem ter influenciado seu resultado.
Há outros fatores que contribuem para a profusão das notícias falsas atualmente e para a conversa em torno desse tema: a alta polarização política - destaque nesse estudo recente sobre o assunto -, a forma como as redes sociais funcionam e a fácil receita de sites com anúncios online são alguns exemplos.
O próprio uso do termo "fake news" é polêmico. Depois que foi eleito, Trump começou a usar a expressão para atacar parte da imprensa americana, usando a expressão para se referir à cobertura de sua gestão, ressignificando-a.
Especialistas preferem falar em "desinformação" ou, em português, "notícias falsas" mesmo. "O termo se politizou. Não ajuda mais", diz Peter Adams, vice-presidente da área de educação da News Literacy, instituição que promove aulas sobre o assunto. "É melhor falar em vários tipos de desinformação. Alguns exemplos são: uma sátira que não é interpretada como tal, conteúdo deliberadamente manipulado e notícias disseminadas fora de contexto."
E por que você deve se importar com isso tudo? "Porque a verdade é justamente a base da democracia. A qualidade da informação está diretamente ligada à democracia", diz Wineburg. Tudo bem discordar, mas que seja de fatos verdadeiros, não inventados. Principalmente agora, com as eleições brasileiras em outubro deste ano.
Para ler a reportagem completa, clique aqui.

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