Cómo te sientes? Tão fácil quanto enteder a frase em espanhol deste parágrafo, foi a adaptação dos três médicos cubanos que atendem em diferentes postos do Sistema Unitário de Saúde (SUS) em Caçapava e que fazem parte dos 11.400 médicos de Cuba contratados para trabalharem em àreas onde não há mão-de-obra especializada.
Beatriz Miniet, Marileybi Sierra Marques e Diutman Palácios Salas estão no Brasil por conta do programa do governo federal Mais Médicos e são unânimes em dizer que a maior dificuldade que encontraram até agora, na cidade, foi a adaptação ao frio e todos estão felizes pela receptividade dos Brasileiros.
Todos os médicos estrangeiros que vêm ao país para trabalharem pelo Mais Médicos precisam fazer um curso de especialização intensiva -de um mês- em português e de protocolos de atendimentos da saúde no país, além de fazerem um curso de especialização, à distância, nas suas àreas de formação equivalente a 8 horas mensais, somados as 32 horas trabalhadas, totalizando 40 horas.
A contratação se dá através da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) que repassa ao governo de Cuba R$10 mil pagos pelo Brasil a cada médico “exportado”. Cuba- que é um país socialista -, por sua vez, retém uma parte para investir nos programas de saúde do país e paga aos médicos cubanos que atuam no Brasil cerca de R$3 mil mensais.
Marileybi foi a primeira a chegar na cidade e atende a comunidade da Vila Sul. Ela conta que quando desembarcou em Guarapari, Espírito Santo, fez o curso obrigatório e logo que ficou sabendo que viria para Caçapava correu para pesquisar sobre a cidade na internet: “O que me assustou foi saber que nevou aqui”, disse a médica.
Ela ficou maravilhada com o país e diz ser bem tratada na cidade, tanto pela equipe de saúde quanto pelos mais de 30 pacientes atendidos diariamente. “Isso só pelo período da manhã. Nas tardes recebemos os grupos de diabéticos, hipertensos, crianças, entre outros, além de fazer visitas nas residências das pessoas que necessitam de atendimento”, completou a médica.
Apesar de já estar habituada a cidade, Marileybi não vê a hora de chegar fevereiro de 2014 para sair de férias e rever os familiares e, em especial, o filho de um ano e oito meses que ficou em Cuba aos cuidados da avó materna: “Não quero trazer ele para cá, pois não tenho pretensão de morar no Brasil
após vencer o contrato. Ele está começando a falar e tê-lo aqui seria um sonho para mim, mas não seria bom para ele”, disse a médica que quer que o filho se crie enraigado à cultura cubana.
Beatriz, que trabalha no posto de saúde da Vila Henriques, quando ficou sabendo do programa, voltou da Venezuela, onde clinicava, para se inscrever para vir trabalhar no Brasil. Lá mesmo fez um curso intensivo de português e desembarcou, junto de outros 4 mil cubanos, na última leva de médicos que vieram para trabalharem no Mais Médicos, em março, no país.
Após encarar seis anos em Medicina Geral Integral pela Universidade de Cuba, Beatriz trabalhou dois anos em Cuba e disse que a saúde em países sulamericanos são bem parecidas e que aqui tem o que precisa para atender aos pacientes nos postos. O Brasil, assim como os países da América Latina, é muito solidário, e por isso escolhi trabalhar aqui”, disse a médica que, ao ser questionada sobre a falta da família por perto completou: “para suprir a distãncia nos comunicamos pela intenet e telefone”.
Diutman, que está no Brasil há três meses, disse que a maior dificuldade dele é a adaptação ao clima úmido e frio de Caçapava, incluisve, que a maior incidendência de doença dos mais de 3 mil pacientes do Promorar, onde ele atende, está relacionado a problemas de respiração por conta desta umidade.
O médico falou que veio trabalhar no Brasil para aprimorar conhecimentos e enriquecer sua cultura. Também falou que Cuba atende a demanda dos profissionais da àrea de saúde e educação, os maiores destaques lá em oferta de emprego; “é normal médicos cubanos trabalharem em outros países como Guiana Inglesa, Venezuela, Argentina ou mesmo no continente Africano”.
Questionado se pretende ficar no Brasil caso estenda o prazo de três anos do programa Mais Médicos, ele foi o único a dizer que tem interesse: “Se houver a possibilidade fico. Aqui é muito tranquilo, inclusive a segurança, pode se andar tranquilamente pelas ruas sem preocupação”, completou Diutman.
Em relação à comparação da saúde pública em Cuba e no Brasil, ambos afirmaram que é bem parecido no aspecto de clinicar e no suporte de equipamentos e medicamentos para o tratamento de pacientes, mas há os prós e os contra, como disse Marileybi:
“Em Cuba é tudo gratuito, devido o socialismo, e nada se cobra em tratamento de saúde. Da mesma forma, os profissionais na área, como nós, médicos, ganham uma ajuda de custo do governo que dá para sobreviver de maneira simples. Porém, a diferença, é que lá, quando o paciente tem uma doença grave e precisa fazer uma cirurgia, ele faz, trata e cura. Aqui não. Ele espera na fila e muitas vezes morre, ou paga clínica particular, se puder”, completou a doutora.
Por William Brasil - Jornal Gazeta de Caçapava
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