segunda-feira, 6 de abril de 2015

Varrendo a cidade, Tiago limpa o caminho para seu futuro

Fonte: Gazeta de Caçapava

Concursado como operário há seis anos na Prefeitura, Tiago Marlon Murillo Silva, de 28 anos, teve de mudar de cargo para poder fazer a tão sonhada universidade em busca de um futuro melhor.

Tiago, que já passou por várias secretarias municipais, atualmente trabalha como Gari e, enquanto varre as ruas da cidade, sempre tem em mãos, além da vassoura e da pá, livro, caderno e lápis.

“As pessoas têm vergonha de ser gari. Eu não. É um trabalho como outro qualquer. E, nesta função, além de ganhar mais devido a insalubridade do que no outro cargo que desempenhava atrás de um computador, eu tenho mais tempo para estudar”, disse Tiago.

ESTUDANTE DE GEOLOGIA
Mas optar pelos estudos não foi tão fácil assim para o estudante de Geologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa): “Quando prestei vestibular e passei na Unipampa, eu falei com Deus e o Mundo para poder cursar e trabalhar, pois dependia de ambos. Não foi fácil. Tive de mudar de cargo e eles [Prefeitura] se adaptarem aos meus horários de aula”, comentou Tiago, cujos colegas que se encontravam na mesma situação optaram pelo trabalho por não conseguirem horários para os estudos.

O gari universitário trabalha sexta, sábado, domingo, feriados e em ocasiões especiais como plantonista: “Geralmente, faço das 6h ao meio-dia, com exceção de domingo, que entro às 4h, e, em ocasiões especiais, como Carnaval e Semana Farroupilha, chego a ficar a semana toda de plantão. É cansativo e difícil por conta dos estudos, mas não vou desistir”, falou.

ENTRE UMA VARRIDA E OUTRA PARA ESTUDAR
Na falta de tempo para fazer os trabalhos em grupos ou para as saídas de campo necessárias à sua formação, ele aproveita o tempo livre ou os intervalos de descanso entre uma varrida e outra para estudar:

“Sempre tenho um livro, apostila ou caderno por aqui, pois faço exercícios ou leituras nos intervalos de uma rua e outra, mas os cálculos, por exemplo, não dá pra ficar fazendo nas ruas. Trabalho em grupo, prefiro fazer só, pois é difícil me adaptar aos horários dos colegas e não quero prejudicá-los”, disse o estudante.

E quem acha que a correria para por aí, se engana. Tiago também monitorava uma sala de aula no Projeto Mais Educação, do Governo Federal: “Ano passado, todas as quartas-feiras, eu era monitor de sala de aula e, em troca, recebia uma ajuda de custos do Governo, além de contar como estágio para a Universidade. Estou esperando a liberação do projeto para 2015 para me cadastrar novamente”, completou.

VARRENDO AS DIFICULDADES
Tiago já reprovou em algumas cadeiras pela dificuldade em estudar, mas disse que a força de vontade em terminar os estudos é maior e que tem recebido apoio e incentivo da mulher e de familiares e, como um gari-universitário, ele vai “varrendo as dificuldades, juntando com a pá e descartando os empecilhos”, afinal, para quem quer ter um futuro próspero, a educação é a melhor alternativa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário