No período do carnaval o movimento fica intenso nos 80 Km de estrada de terra
Segundo versão do jornal Diário de Santa Maria, seguir viagem de Lavras do Sul para Bagé, pelas rodovias RSC-473 e ERS-357, é uma incerteza. Os motoristas nunca sabem a hora e em que estado chegarão ao destino. A estrada é de chão batido, com muitas pedras soltas, desníveis e buracos. Há 14 anos, a obra de pavimentação de parte da estrada foi licitada. Porém, um fato revolta a comunidade. É que a obra nunca saiu do papel.
A estrada que liga Lavras a Bagé tem 80 quilômetros de extensão. Ela é formada por duas rodovias, pela ERS-357, na saída do município, e pela RSC-473, até Bagé. Há 35 anos, os moradores aguardam o asfaltamento da rodovia e vêm enfrentando dificuldades.
Na área da saúde, Lavras do Sul necessita dos serviços prestados pelo município vizinho. Três vezes por semana (terça, quinta-feira e sábado), pacientes viajam a Bagé para fazer tratamento de hemodiálise. Eles saem cedo da manhã e enfrentam uma maratona de buracos e pedregulhos.
– Eles (pacientes) vão sacudindo toda a viagem. Se formos por Caçapava do Sul, a viagem aumenta em cem quilômetros– explica a secretária de Saúde de Lavras do Sul, Luzia Mastroiano Gonçalves.
Como o trecho recebe pouca manutenção, é comum ver veículos estragados ao longo do caminho. Em dezembro de 2010, as cinco ambulâncias de Lavras estragaram depois de fazer o trajeto, e a prefeitura precisou terceirizar o serviço. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) abandonou uma patrola antiga às margens da estrada, há seis meses. Moradores recolheram o veículo para dentro de uma propriedade rural para evitar acidentes. O Daer disse que tem conhecimento da situação, mas não apontou um destino para a patrola.
Na área da economia, os pecuaristas têm prejuízos com o transporte de gado até os frigoríficos de Bagé. Com os desníveis e as pedras da estrada, os animais se batem durante o caminho e criam hematomas, desvalorizando o preço do animal.
– A cada mil cabeças, perde-se R$ 30 mil – conta o presidente do Sindicato Rural de Lavras, Francisco Abascal, 54 anos.
Estudantes – A estrada também prejudica cerca de 150 estudantes universitários. Quem estuda na Universidade da Região da Campanha (Urcamp), em Bagé, precisa pegar ônibus todos os dias até a cidade vizinha. As aulas começam às 19h, mas eles têm de sair às 16h30min para percorrer 80 quilômetros e chegar a tempo. Os estudantes já protagonizaram muitos acidentes.
– Um dia, um caminhão passou por nós, e a roda lançou uma pedra contra o vidro do ônibus. O vidro quebrou, e seguimos com ele quebrado – diz o estudante de Direito, Rodrigo Machado, 19 anos.
Ele ainda conta que, quando chove, os ônibus não fazem o trajeto pela estrada embarrada, e alguns estudantes acabam indo de táxi, dividindo o valor entre eles. O preço da viagem até Bagé é de R$ 150.
Promessa – Em 1997, a pavimentação de parte da estrada foi licitada. A empresa vencedora foi a Sultepa. Ela nunca chegou a dar início à obra. Conforme a Sultepa, o Daer nunca liberou o início da obra.
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