segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Comunidade ainda está se adaptando ao método de Manchester


Desde que passou por uma reestruturação, uma nova técnica para organizar o serviço oferecido no Pronto Atendimento (PA) foi implantada: trata-se do método de Manchester. É um sistema de triagem que tem como objetivo definir as prioridades no atendimento. O paciente recebe uma ficha na cor vermelha, amarela, verde ou azul, de acordo com a gravidade do caso. Porém, usuários do serviço reclamam da demora no atendimento. Para a equipe que trabalha no PA, alguns casos que chegam até o local poderiam ser solucionados nas unidades básicas de saúde.
- A saúde em Caçapava estava desassistida. Com a mudança de governo, o PA foi reformulado e passou a oferecer um serviço diferenciado. Os usuários do sistema passaram a procurar o Pronto Atendimento, apesar de ter uma unidade de saúde no seu bairro, por vários motivos. Uns falam da qualidade oferecida, outros porque não gostam do médico do ESF (Estratégia de Saúde da Família). Isso acaba sobrecarregando o PA - conta Luis Carlos Thomé Chedid, médico do Pronto Atendimento.
De acordo com ele, é preciso compreender que pronto atendimento é um serviço de emergência e não um consultório vinte e quatro horas e que o método utilizado não é nada inventado, mas existe e funciona na maioria das cidades. Segundo a enfermeira coordenadora do PA, Franciele Casanova, sempre que surgem emergências, os atendimentos médicos precisam esperar.
- A ordem de atendimento é a gravidade do caso e não quem chegou primeiro. Segunda-feira, dia 12, atendemos três emergências: um paciente que caiu de um andaime de três metros, um infartado que estava esperando transporte para fazer um cateterismo e outro convulsionando.  Esses atendimentos levam certo tempo. Na pessoa que caiu, por exemplo, foram feitos suturas, curativos e tomografia. Então quem estava lá teve que esperar mesmo, tem casos, como este que não podem ficar aguardando, tem prioridade. Mas todas as pessoas que procuram o Pronto Atendimento são acolhidas - explica a enfermeira.
O médico do PA disse ainda que muitos usuários não entendem esse método e tentam intimidar a equipe dizendo que ligarão para uma ou outra autoridade, caso não sejam atendimentos de imediato.
- Atendemos de 100 a 130 pessoas por dia, é essencial adotarmos uma maneira para organizar o serviço. No dia 27 de julho, atendemos 139 pacientes, de todas as áreas da cidade, que deveriam ter sido atendidos pelas unidades básicas de saúde. Quando o caso não é grave e pode ser resolvido na unidade, orientamos que procurem o ESF. Acontece ainda casos inusitados, como pessoas que procuram o serviço do PA para tratar de oleosidade no couro cabeludo, espinhas pelo corpo, dor de dente e por aí vai. Essas pessoas serão atendidas, não irão ficar desassistidas, mas certamente terão que esperar - disse o médico.
Outro problema apontado por ele é que os pacientes do SUS não querem tirar ficha hoje e ser atendido amanhã ou daqui dois dias, por isso procuram o Pronto Atendimento.
- Num outro plantão, durante a madrugada, atendemos um casal que chegou com os três filhos pequenos, o menor realmente estava febril. O pai disse que acordou e resolveu ir com a família para o PA, porque naquele horário (3 horas) não tinha que esperar para ser atendido e todos poderiam passar por um check-up. Entendemos que as pessoas precisam ser orientadas e as unidades básicas precisam ter mais resolutibilidade  - conta Chedid.
Segundo a secretária da Saúde, Rosane Abadalla, o município conta com quinze médicos, treze concursados e dois contratados, que atendem a Policlínica e as cinco unidades de ESFs. 
- Por enquanto, é isso que o município tem para oferecer na rede pública. Gostaríamos que cada usuário consultasse com o médico que mais lhe agrada, mas isso não é possível. 
A secretária explica ainda que os médicos atendem por fichas e não por horário, conforme determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e que cada um atende entre 12 e 15 pacientes nas unidades básicas, mas sempre que solicitados pela Prefeitura, fora deste horário, recebem os pacientes em seus consultórios particulares. 
- Uma minoria não é solícita. Estamos reestruturando a área. Vamos implantar o Plano Municipal de Saúde, onde toda a comunidade está convidada a fazer parte, dando sua opinião ou sugestão - disse a secretária.
Fonte: Gazeta de Caçapava

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