terça-feira, 15 de maio de 2018

Operação da Polícia Federal prende doleiros ligados ao maior traficante de drogas do Brasil

A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta terça-feira (15), a Operação Efeito Dominó, que investiga uma rede de doleiros e de lavagem de dinheiro utilizada por Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca. Também conhecido como o “embaixador do tráfico”, Cabeça Branca é apontado pela PF como o maior narcotraficante do Brasil e um dos maiores do mundo. Oito criminosos foram presos.

Entre os doleiros detidos estão Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, delator da Lava-Jato, Edmundo Gurgel Junior, que foi investigado pela PF no caso Banestado, e José Maria Gomes. Os agentes cumpriram 26 mandados judiciais – expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba – no Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e São Paulo. Entre os mandados, há 18 de busca e apreensão, cinco de prisão preventiva e três de prisão temporária.

A polícia encontrou um elo entre o grupo de doleiros usado pelo tráfico e o que era utilizado por pessoas investigadas na Operação Lava-Jato. A ação é um desdobramento da Operação Spectrum, que prendeu Cabeça Branca em julho de 2017. Após a prisão dele, a PF analisou documentos, planilhas eletrônicas, depoimentos e informações de inteligência para identificar a rede de doleiros que ele utilizava para lavar o dinheiro oriundo do comércio nacional e internacional de drogas.

Planilhas eletrônicas encontradas pela PF ao longo das investigações sobre Cabeça Branca indicam que, apenas entre 2014 e 2017, ele negociou 27 toneladas de cocaína e teria recebido pelo menos US$ 138,2 milhões, o equivalente, em valores atualizados, a quase R$ 500 milhões.


Lava-Jato

Uma das principais suspeitas apuradas pelos investigadores do caso é a de que doleiros que prestavam serviços a investigados pela Operação Lava-Jato também atuavam para narcotraficantes como Cabeça Branca.

Uma das pessoas investigadas pela PF nessa operação já havia firmado um acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava-Jato. A operação desta terça-feira faz parte de uma nova abordagem da PF em relação ao narcotráfico: sufocar o braço econômico das organizações.

As investigações conduzidas pela PF indicam a existência de uma enorme rede de doleiros que se comunicam para dar vazão à demanda de clientes que ganham dinheiro ilegal em atividades criminosas diferentes como corrupção e tráfico de drogas.

Em geral, os doleiros atuam de duas formas. Recebem reais em espécie no Brasil e disponibilizam dólares em contas no exterior ou recebem dólares no exterior e disponibilizam reais em espécie no Brasil. Todas essas operações são realizadas sem a devida comunicação às autoridades bancárias e fiscais dos países envolvidos.


Lavagem de dinheiro 

O traficante Luiz Carlos da Rocha está preso na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em abril deste ano, ele foi condenado pela Justiça Federal do Paraná a cinco anos e dois meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro relacionado à compra de uma fazenda em Mato Grosso.

Essa foi a primeira condenação de Cabeça Branca desde que foi preso. Ele ainda responde a outros processos na Justiça Federal. A PF diz acreditar que Cabeça Branca tenha comprado fazendas em Mato Grosso para servir de entreposto para a cocaína trazida da Bolívia e do Paraguai para o Brasil.

Segundo as investigações, a droga era trazida ao Brasil em pequenos aviões e descarregada nas fazendas do traficante. De lá, a droga era transportada em caminhões para a região Sudeste, de onde ela era enviada, principalmente, à Europa e à América do Norte.

A polícia suspeita ainda que a compra de fazendas era apenas uma das formas encontradas por Cabeça Branca para lavar o dinheiro que ele ganhava com a venda de cocaína. Os investigadores já foram capazes de identificar rastros da fortuna do narcotraficante em outros países além do Brasil e do Paraguai, onde ele seria o proprietário de empresas e fazendas.

O título de “embaixador do tráfico” foi atribuído ao narcotraficante pela forma como ele se relacionava com fornecedores e compradores da droga que ele intermediava. Em vez de um perfil violento comum a traficantes que atuam na região da fronteira entre o Brasil e o Paraguai, Cabeça Branca era conhecido pelo perfil discreto com que conduzia seus negócios.

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